Pesquisadores ingleses avaliaram como as pessoas aplicam protetor solar no rosto e descobriram que os arredores dos olhos são até duas vezes mais negligenciados do que o resto da face. O trabalho, realizado pela Universidade de Liverpool, chama a atenção porque as pálpebras e companhia também sofrem com o câncer de pele. E não é pouco.
“10% dos tumores de pele tipo carcinoma basocelular, que é o mais comum, ocorrem na área dos olhos, onde ele é mais perigoso”, explica o médico Flávio Barbosa Luz, da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Remover nódulos malignos dali exige uma operação delicada, que não raro envolve a reconstrução da pálpebra.
Hora, então, de olhar com carinho para esta área muitas vezes ignoradas na hora de aplicar o seu filtro solar.
Detalhes do estudo
O grupo avaliou 57 indivíduos em duas oportunidades. Primeiro, eles foram instruídos a passar protetor solar da maneira que sempre faziam. Depois, voltaram ao laboratório em uma segunda oportunidade e receberam informações sobre a importância de não esquecer dos olhos antes de receberem o produto.
Os pesquisadores fotografaram o rosto dos voluntários depois da aplicação com câmeras sensíveis à radiação ultravioleta emitida pelo sol. Na primeira ocasião, até 14% da área dos olhos foi ignorada pelos participantes, enquanto no restante do rosto esse índice ficou em 7%. Ao fornecer as instruções antes, a cobertura melhorou, mas alguns cantinhos ainda permaneceram descobertos.
A encruzilhada dessa história: não é lá muito agradável aplicar nenhum creme em volta dos olhos. “É difícil passar protetor nessa região. O produto escorre, não é apropriado”, aponta Barbosa. Os próprios autores do estudo concluem que, embora a educação tenha seu impacto, é importante pensar em alternativas mais confortáveis ao filtro.
“Aqui precisamos fazer um mea culpa. Nós sempre associamos a defesa contra a radiação solar ao uso do protetor, mas ele não é a única medida possível”, comenta Barbosa.
Como blindar a visão
No caso dos olhos, o melhor é usar óculos escuros – sim, ele também vai blindar suas pálpebras dos raios ultravioleta (UV). Só não adianta ser qualquer livre de proteção ultravioleta certificada. “Qualquer vidro resguarda contra o UVB, mas para barrar o UVA, que também é perigoso, a lente precisa passar por um tratamento especial, garantindo a qualidade do produto”, alerta Barbosa.
Chapéus e viseiras com proteção solar são imprescindíveis, pois também garantem que o sol não atinja diretamente os olhos e rosto. Vale lembrar que 90% dos cânceres de pele mais comuns ocorrem entre cabeça e pescoço.
Nada disso, entretanto, significa que o protetor deve ser dispensado. Ele continua obrigatório, mas seu uso (assim como o dos óculos) deve ser ajustado às realidades individuais. Por exemplo, de nada adianta passá-lo antes de sair de casa de manhã e esquecê-lo na hora de sair do trabalho para almoçar em pleno solão do meio dia.
Os cuidados diários com a pele são fundamentais em todas as épocas do ano, porém, a estação de calor requer ainda mais atenção.
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