Nosso organismo dispõe de mecanismos para eliminar toxinas que prejudicam seu funcionamento. As dietas desintoxicantes, tão na moda, são indicadas apenas quando eles são insuficientes, e sempre com acompanhamento de profissionais capacitados.
Todos os dias, nosso corpo é bombardeado por substâncias nocivas, como medicamentos, corantes, conservantes e gordura, entre outras. A dieta detox, também conhecida como tratamento de desintoxicação ou destoxificação, promove uma faxina no organismo, eliminando toxina que o prejudicam.
De acordo com a nutricionista clínica Carla Muroya, para iniciar o tratamento é preciso identificar quais toxinas precisam ser removidas. Em seguida, devem-se corrigir as disfunções gastrointestinais, equilibrar as enzimas digestivas e promover uma dieta com perfil antioxidante e destoxificante, reduzindo a oferta de alimentos industrializados ricos em aditivos alimentares e agrotóxicos, entre outros.
“O organismo tem capacidade de armazenar toxinas, principalmente no tecido adiposo. Por isso, indivíduos obesos, com excesso de tecido adiposo, podem ter maior carga tóxica. As toxinas também são acumuladas no fígado”, explica Carla.
Frutas e verduras são grandes aliadas
Segundo a nutricionista Carla Muroya, de modo geral, alguns fatores podem desequilibrar o organismo, causando estresse oxidativo que favorece a predominância dos radicais livres e a redução de elementos protetores/antioxidantes: “Poluentes ambientais e químicos, radiação, hábitos alimentares errados (consumo de produtos industrializados, gordura trans, frituras, alimentos refinados, aditivos alimentares, excesso de cafeína e álcool), exposição a metais tóxicos e agrotóxicos favorecem a predominância de radicais livres no organismo”, alerta.
A nutróloga Maria Raris observa que, além da produção de radicais livres em excesso, as toxinas causam atrofia da mucosa intestinal e resistência insulínica, fatores que levam a ganho de peso, dificuldade de absorver nutrientes, cansaço crônico e alergias alimentares. “O corpo é capaz de eliminar toxinas sozinho, por meio de órgãos como o fígado e os rins, mas quando já uma produção excessiva dessas substâncias esse mecanismo pode ser insuficiente”, ressalta.
Muitos dos sintomas que indicam sobrecarga tóxica podem estar associados a doenças e a algumas condições clínicas, daí a necessidade de o tratamento ser indicado por um profissional capacitado e sempre em conjunto com uma equipe médica. A nutróloga Carla Muroya cita alguns sinais que podem indicar uma sobrecarga de toxinas: “Cansaço crônico, insônia, depressão, ansiedade, irritabilidade, olheiras, envelhecimento precoce, perda da tonificação muscular e fraqueza são alguns deles”, enumera.
Para manter o equilíbrio do organismo a nutricionista clínica Eneida Ramos recomenda aumentar o consumo de alimentos antioxidantes e destoxificantes, como frutas, legumes e verduras, preferencialmente orgânicos, água, água de coco, chás, peixes, ovos, leguminosas, arroz integral, sementes, azeite de oliva e ervas aromáticas.
Alimentos como sal, cafeína, açúcar e farinha branca devem ser consumidos com moderação. Eneida Ramos aconselha evitar a gordura trans, também chamada gordura hidrogenada (usada em alimentos industrializados, como bolos, biscoitos e salgados para torna-los mais atraentes), alimentos processados, assim como carnes grelhadas em alta temperatura e assadas em carvão, como os churrascos. “Frituras, bebidas alcoólicas, corantes, conservantes e glutamato monossódico (GMS), realçador de sabor presente em carnes processadas, enlatados e refeições congeladas também devem ser desencorajados”, aconselha a nutricionista.
Dietas muito restritivas são perigosas
Os critérios de inclusão e exclusão dos alimentos numa dieta detox, como também sua duração, devem ser avaliados por um profissional capacitado que leva em consideração diversos fatores: peso, estatura, idade, estado biológico, doenças associadas, hábitos alimentares. “Como podem ser indicadas restrições alimentares e suplementação nutricional de vitaminas e minerais, é essencial que o paciente seja acompanhado todo o tempo”, orienta a nutricionista. A especialista lembra que o processo de eliminação de toxinas pode ocasionar transpiração excessiva, odor forte na urina e fezes, fadiga, mal-estar e náuseas.
A nutricionista Eneida Ramos alerta para o risco das dietas muito restritivas, baseadas somente em chás e sucos ou sopas, por exemplo. “Elas podem causar deficiências nutricionais importantes que desequilibram o organismo, podendo levar à perda de massa muscular e à desnutrição. São especialmente contraindicadas para pessoas com comprometimento no estado nutricional, com doenças associadas, como diabetes, insuficiência renal, doenças degenerativas ou hepáticas, assim como gestantes, lactentes e imunodeprimidos”, esclarece a especialista.
O processo de desintoxicação pode ser complementado por outros procedimentos, como drenagem linfática manual (realizada por profissional capacitado), sauna e prática de atividade física bem orientada. De modo algum se deve iniciar uma dieta desse tipo – ou qualquer outra – sem acompanhamento.
Alimentos que ajudam a eliminar toxinas
- Abacaxi – tem ação digestiva, especialmente das carnes, e diurética.
- Água e água de coco – hidratam e contribuem para a diurese. Além de hidratar, a água de coco oferece energia e micronutrientes.
- Aipo – efeito diurético. É recomendado para casos de pressão arterial alta. Suas fibras insolúveis favorecem o bom funcionamento do intestino.
- Alho – ação antimicrobiana, anti-hipertensiva e anti-inflamatória. Ajuda a reduzir o colesterol, além de beneficiar o bom funcionamento do fígado.
- Alimentos ricos em fibras – frutas, vegetais e grãos integrais contribuem para a saúde em geral e para o bom funcionamento do intestino.
- Gengibre – estimula a circulação e a digestão e ativa o metabolismo.
- Chá verde – suas catequina, quercetina e teaflavinas são antioxidantes. Elas ajudam a transformar as toxinas em moléculas hidrossolúveis, menos tóxicas e excretáveis.
- Frutas – deve-se dar preferência às vermelhas e cítricas, cujos antioxidantes protegem o fígado e têm ação anti-inflamatória. A maçã é extremamente depurativa e contém fibras que facilitam o trânsito intestinal; o limão se destaca por seu poder antioxidante e diurético, enquanto a melancia é refrescante e diurética.
- Cebola – favorece o bom funcionamento do trato gastrointestinal, a eliminação de líquidos e a oxigenação do sangue. O ideal é consumi-la crua.
- Vegetais brássicos – desse grupo fazem parte agrião, brócolis, couve-flor, couve-chinesa, couve-manteiga, mostarda, nabo, rabanete, repolho e rúcula. Eles têm ação cardioprotetora e ajudam a proteger o organismo de doenças como o câncer.
- Oleaginosas – castanha-do-pará, amêndoas, avelãs e nozes são fontes de vitamina E, ômega 3, cálcio, magnésio, zinco, selênio, cobre e manganês; têm ação anti-inflamatória e antioxidante.
Fonte: Revista Les Nouvelles
Imagem: sucoterapiaedieta.com.br